Mais um dia que começa de forma insólita. Mal tiro os pés da cama, oiço, “chap”, “chap” e tinha já os pés molhados. Olho com atenção, e tenho o chão do quarto completamente alagado. Uma inundação em que havia zonas com mais de 1cm de água. Ao que parece, a torneira da mangueirinha do banho checo, haveria ficado aberta. Por quem? Não sei.
Sei é que a mala da roupa estava no chão, assim como o saco da máquina fotográfica e a mala do portátil. Por sorte, este estava a carregar num local seco e seguro - em cima de uma cadeira, só pedia para ele não cair durante a noite.
À primeira vista a roupa está seca. A mala parece ser melhor do que aparenta, e as máquinas fotográficas, estão húmidas, mas ligam e parecem estar a funcionar bem.
Toca a chamar a senhora Filipina para resolver o problema. Ela não queria acreditar. Tenho a certeza de a ter ouvido praguejar em filipino... e nunca aprendi a língua. Assim que ela abriu a porta do quarto contíguo, o cenário era idêntico. A nova piscina do hotel, inaugurada sem eles mesmo saberem que existia uma.
Estive quase 1h a ajudar a senhora a resolver o problema. O que vale é que, e apesar de ter passado a hora do pequeno almoço, ela foi o suficientemente atenciosa para servi-lo na mesma.
Agora, tempo de me fazer à estrada.
As despedidas são sempre difíceis, e esta não foge à regra. O que tem que ser, tem muita força. Mas devo pensar que é um até já.
Com novo alento, fiz-me à estrada. Mas com pouca sorte. Apenas 24km após ter saído do hotel, uma fila de transito. Até deu para escrever as memorias de ontem - o sr. Chianti dificultou a coisa -, é que dá para ver o que se pode fazer numa hora. Sim, 1h estive eu parado sem andar 1 único cm. Quando voltou a andar, não passamos dos 30km/h durante alguns km.
Depois de alguns pára arranca - mais de ¾h depois – e ao km 32 estou novamente parado, aproveito para avançar com a escrita de hoje. Agora estou parado numa ponte e esta cena abana por todo o lado. Antes assim do que num dos muitos túneis que já passei.
Entretanto vão passando muitos carros da policia, ambulâncias, serviços da estrada, carros civis com pirilampos... é alta confusão... o pessoal está todo fora dos carros. Alguém ainda vai ser atropelado.
Os senhores dos serviços da estrada estão a distribui água... é que o termómetro está nos 34ºC.
O carro parado, bebe mais do que a andar, e sempre que paro mais do que 1min desligo.
É um complô... querem arruinar-me as férias.
Ao km 43, e quase 3h depois, descoberto o filme, foi só um camião TIR - foi só que consegui entrever no meio da confusão – que pegou fogo pouco antes da saída dum túnel, não sei se se envolveu em algum acidente.
Hoje foi duro conduzir. Com temperaturas que chegaram aos 36ºC e com um sol abrasador, vou notando as marcas. Nas estações de serviço, nem uma sombra.
A viagem já sofreu demasiados atrasos, não há tempo a perder.
A saída de Itália por Trieste, é outro filme. A auto-estrada termina, mas vê-se que continuam as obras. Por estradas secundárias, apanham-se camiões TIR e o caminho torna-se mais lento. Volta e meia, lá se apanha um troço da auto-estrada transitável, mas é sol de pouca dura, e novamente se volta às estradas secundárias.
Foi assim até à Eslovénia. Que saudades.
Uma vez lá chegado, é como voltar tipo à casa de férias. Não sei porquê, mas desenvolvi uma empatia muito especial pelo pais. E pelo custo de vida, já agora. Até atestei o depósito.
A estada cá é breve, e rapidamente estou na Croácia.
Numa me tinha acontecido o semelhante. Na fronteira pediram-me os meus documentos. Dei o BI. Pediram os documentos do carro – essa é nova - e pediram para esperar num parque que me indicaram. Alguns minutos depois, vieram ter comigo e disseram que só estavam a confirmar se o carro não tinha sido roubado, e perguntaram-me de quem era. Não o podiam ter feito logo? Depois perguntaram se levava drogas, tabaco ou álcool. Se tinha consumido álcool ou drogas. Disseram que tinham que revistar o carro. E fizeram-no até às malas, remexeram a roupa, o portátil, a lancheira – e obrigaram-me a beber um iogurte, para comprovar, não sei o quê. Tapetes, porta luvas, tudo... perdi mais de 15min nessa inspecção. De onde ia, para onde, porquê... porque o fazia sozinho... quanto tempo... para onde ia depois... que cruzes. No final... “desculpe, é apenas um procedimento aleatório, faça boa viagem e desfrute a Croácia. Seja bem vindo”. Só pensei, “que simpáticos”.
As auto-estradas aqui são uma anedota. Queria ter evitado, e quando pensava que o tinha conseguido deparei-me com a praça das portagens. Paguei 14.00Kn, cerca de 2eur. Anedota porquê? Porque a E.N.1 é mais larga. A auto-estrada – se não estou em erro, a A9 – tem apenas uma faixa de rodagem para cada lado, separadas por linha continua e sem berma. Altamente. E saliento... cobram portagem.
Em Porec (lê-se Porech), fui ter uma turismo center e pedi ajuda. A sra. foi muito atenciosa e depois de ter percebido o meu budget, fez umas chamadas. Lá chegou um homenzinho que só fala Croata, Italiano e Alemão, dono de uma casa de turismo rural. Ela ajudou a discutir o preço. Ligou para a esposa do homenzinho e estiveram os 3 a falar, até que se chegou a um valor razoável. 10eur de desconto e com pequeno almoço. Feliz da vida, lá segui o sr. As casas parecem que ficam em cascos de rolhas, longe para burro, e o caminho é cheio de desvios. Vai ser bonito lá voltar.
Quando finalmente lá chegamos, foi uma desilusão. A casa até não é muito má de aspecto exterior. Fica numa vila de nome Vrhjani e tem mais 3 casas – lol. Por dentro, ainda que limpo o quarto, tem duas camas de camarata, muito manhosas, com colchões moles e com naprons em cima das camas. O que vale é que estava limpinho, e fiquemos por aqui.
Fui jantar ao centro da cidade, a cerca de 15km das casas. Não é uma grande cidade – cerca de 10.000 habitantes – mas é muito bonita. É uma cidade portuária, e foi das primeiras cidades da região da Istria. A construção dos edifícios é inspirada por arquitectos de Veneza.
O jantarzinho, foi simpático. A oferta é alargada, e há muitas lojas de souvenirs abertas à noite. Houve ainda tempo para uma pequena loucura, um sorvete, numa gelaria para sobremesa.
Parece a praia da Rocha cá do sítio. Amanhã, outras paragens.
Facts & Figures:
. 515Km percorridos, dois quais:
. 219Km em IT;
. 21km na SLO;
. 275km na HR;
. 7:52h de condução (sem contar com a maior parte em que estive parado);
. Média de 66km/h;
. 4,8l/100km;
High:
- Chegada à Croácia;
- Passar na Eslóvenia;
- Preço do gasóleo na Eslovénia (1,197eur/l);
- Porec.
Low:
- O acidente;
- A inspecção;
- A porcaria do quarto, não acerto uma este ano.
- Há muitos turistas, mas parece que falta profissionalismo ao pessoal do comercio;
- A anedota da portagem numa “nacional”.
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