segunda-feira, 18 de agosto de 2008

Dia 2. Tarbes > Nice

Música do dia:

Memórias:

A noite foi atribulada. Não só porque os pequenos almoços começaram a ser servidos às 6h30 locais – às nossas 5h30 -, e pelo facto da cafetaria estar mesmo em frente ao quarto, não pude, por diversas vezes, deixar de ser acordado pelos matutinos madrugadores que relatavam, alto e bom som, a sua soneca. Enfim... Mas também hoje, fui prendado com chuva no início da manhã, o que, como expliquei ontem, é bom sinal. À parte disso, deu para carregar as baterias, e até, como puderam acompanhar, para resolver o problema da internet. Por tal, consegui submeter o resumo de ontem.

Após isso, e ainda no hotel, decidi abrir o mapa e ver onde iria parar. Ainda contagiado com a memoria da dificuldade em encontrar um quarto, e atendendo que no próximo país vizinho ainda não tenho qualquer referência, achei por bem, manter-me em França e tentar um hotelzito perto já da fronteira. Poderá ser Cannes? Porque não, fica muitas vezes na sombra do Mónaco, e já no passado tive a curiosidade em visitar. Fui ver o cardápio Etap e... são só apenas dos hotéis mais caros, da cadeia, em França. ☹

Nova pesquisa ao mapa... e... que tal Nice? Fica a apenas 25km... preços? Pouco mais caros que o comum, boa. Vamos ver como corre a viagem e no caminho marca-se, pensei eu.

Adiante, a grande surpresa de França este ano, é o facto de das filas nas portagens serem incomparavelmente mais pequenas em relação ao ano passado. Na mais congestionada, não terei estado mais do que 15 minutos. O mal, todavia, continua o mesmo. Menos de 800km de auto-estrada, mas 8 portagens.

Hoje foi um dia substancialmente mais quente do que ontem. Cheguei a apanhar 31ºC, comparativamente com os 19 a 25ºC de ontem. Aumenta o desgaste.

No entanto, e como diria a minha amiga Paula, “estou a adorar isto, píuí”.

Por falar em “adorar”, vou confessar uma coisa. Pelo facto de comer rebuçados de fruta como se não houvesse amanhã, acho que começo a sentir os bichinhos do açúcar a comer-me os dentes.

Hora para almoçar, aí pelas 14h30. Mais uma dose de frutas, iogurtes líquidos, sandocha mista e caprisone. Acho que trouxe comida para as férias todas ☺. No momento de me dirigir à casa de banho para dar a mijazita, deparei-me com uma latrina à caçador. Mas que surpresa. O romantismo da coisa, deu-me instantaneamente a volta à barriga, pelo que lhe dei o melhor uso. Acho que nunca tinha usado uma. Foi altamente. Até se ouve o “mergulho”. Petcháaaa. E não salpica o rabo. De melhor mesmo.

Algum tempo depois, altura para nova paragem, tendo em vista telefonar para o Etap para efectuar a tal reserva em Nice, uma vez que parecia dar para chegar a tempo. Estive ai uns bons 20 minutos a tentar ligar. O número tal e qual como estava na brochura, era de gritos, nada. Meti 00 antes do número, nada. Coloquei +33 antes, e nada. Tirei o 0 que tem no início do número, nada. Revi a brochura algumas vezes, procurando pistas... e nada. Até que... fez-se luz, havia uma cabine telefónica. Uma vez lá chegado, com algumas moedas na mão, novo problema. Apenas aceita cartão. Que filme. Enfim, estava lá perto uma típica família francesa, marido e mulher na casa dos quarenta, bem avançados. Com os filhotes, um casal onde o mais velho, teria uns 12 anos. Ainda bem que a senhora falava muito bem inglês – é caso raro – e, usando o telemóvel dela – porque rapidamente desistiu de usar o meu - ligou para o Etap. Cheio. “O que vale é que Nice tem mais dois”, disse ela. E eu pensei “vai lá, vai”. Segundo Etap, cheio. “Estou feito, sinto-me ficar fûe de la téte", pensei eu. Então ela ligou para o terceiro, que é junto ao aeroporto, e tinha vaga. Ainda por cima era também o mais barato. Como diria o nosso Primeiro, “Porreiro, pá”. Au revoir, família simpática.

Não foi difícil dar com o Hotel.

Fiz check-in, e fui dar um giro por Nice. GPS > Nice center. Bonito... mas o que fui fazer?

Esta cena tem o pior arranjo urbanístico da história. A sinalética é má, há estradas onde se conduz pela esquerda, entra-se na auto-estrada, para sair na saída seguinte. E não, não foi engano, era mesmo assim. Ainda consegue ser pior que Braga. E esta gente? vou-vos dizer. É só gringos, típicos sul americanos, fanáticos pelo “Pimp my Ride” e super agressivos a condução. Tirem-me deste filme.

Acho que nem cheguei ao tal “Nice Center”, quando coloquei Cannes Center, sem portagem, por favor. O mesmo filme para sair dali. Novamente condução contra a mão, entra e sai da auto estrada, Xuningos sempre a dar sinais de luzes, ultrapassando pela esquerda e pela direita.

Mas o caminho melhorou, e a coisa foi ficando mais ordeira. As auto-estradas escondem terras belas, como é o caso de Antibes. É lindíssimo, fiquei apaixonado.

Ao chegar a Cannes, entra-se noutro mundo. Parado num semáforo, ouvia-se uns carros mais à frente, um barulho metálico, que, apesar de estar ao relantim, deveria estar a umas 2500RPM... um Ferrari. Nisto, cruza um Bentley Coupé, seguido dum Murcielago. Onde é que estou?

Entrando propriamente em Cannes, é como estar na Santa Catarina do Porto, só que para melhor... e maior. Em vez de duas lojas Zara, há duas Lois Vuiton. Coisas desse género. Há uma luz muito própria, todas as lojas estão cuidadosamente iluminadas, apesar da hora. Há muitas pessoas na rua a passear. Edifícios lindíssimos, com fachadas antigas, muito semelhantes às encontradas em Paris. “Pena que a rua é de sentido único”, pensei eu. No regresso, os queixos caíram mesmo. A avenida que beija o mar é ainda mais linda. Mais iluminada, mais movimentada. Há mais vida. Diria mesmo que mete o Mónaco num bolso, por tudo. Há muitas esplanadas, repletas de pessoas. Sentem-se boas vibrações.

Sem sombra de dúvida a voltar e visitar, a bela da Côte d'Azur. Bem sei que apenas tive o “look” da coisa, e que “look & feel” é bem penoso para a carteira, mas acredito que vale a pena. Nem que pare em Nice, e faça os escassos 25km todos os dias. Valerá a pena.

Foi bonito, já foi.

Facts & Figures:
  • 795Km percorridos, todos em FR;
  • 10:38h de condução, mais de 1h muito deliciosa;
  • Média de 75km/h;
  • 4,7l/100km – uau!! Não, não vim de Seat Ibiza.

High:
  • Simpatia da família típica Francesa;
  • Encontrei um sítio com o gasóleo mais barato que em Portugal, cerca de 1,28eur, mas estava fechado;
  • Antibes e Cannes;
Low:
  • Os Xunings de Nice;
  • A besta do Belga (ele sabe que é);
  • A net nos Etap ser paga à Orange (se fosse Optimus, safava-me).
  • Alguém que peça para parar porque para se aliviar;
  • Alguém que peça para parar porque quer fumar um cigarro;
  • Alguém que peça para parar porque quer tomar um café;
  • Alguém...
É tudo por hoje... asta manhana.

2 comentários:

ASR disse...

Chefinho, quase que choramos aqui com a tua historia comovente sobre a falta de vagas e a amabilidade da familia francesa. E como sou amiguinha, ficas a saber que apesar de não estares acompanhado fisicamente, muitos são aqueles que te acompanham via blog (pelo menos os fieis do escritório)! Mas o que queriamos mm saber é, vais até onde mm?

psacouto disse...

ó Manel,
Andas mesmo sozinho? Conta de forma não oficial quantas vezes já foste batito pelas francesas dessas "n" recepções de hotel?
Meu Camino de Santiago acabou, correu tubo bem com 293 km nas pernas em 3 dias e espero que voltes para prepararmos o Nosso!
Abraço